sexta-feira, 18 de março de 2011

Os Rótulos e a Marginalidade!

Esta semana eu resolvi por em prática aquilo que sempre disse ser possível, vir trabalhar de bike. Os ganhos são inúmeros: melhora de preparo físico, afinal considerando a ida e a volta, são 52 km pedaladso por dia, pouco mais de 250 km por semana. A quantidade de Bom dia!, que eu falo é assustadoramente maior do que de ônibus. O tempo de percurso, diminui em assutadores 30 min na ida, e 55 min na volta. Resumindo, além de melhorar minha qualidade de vida, melhorar meu astral, eu ganho 1h e 25 min de vida a mais por dia. Podia ser melhor?
Mas tudo tem seu preço, agora eu pertenço a uma nova categoria social, sou um marginal. Vivemos em uma sociedade que coloca rótulos em tudo, se tu estudas muito e não preza atividades físicas ( azar o seu ), és um "nerd", se frequentas muito uma academia, és um marombeiro, se uma mulher gosta de andar com roupas mais caras e sempre "produzida" é uma perua. Tudo bem de rotular certas pessoas, é uma maneira de dizer que ela pertence á um grupo que não o seu, ou ao seu grupo. O grande problema, é que ao rotularmos alguém, nós o empuramos para fora do ambiente onde estamos, nós o marginalizamos. Isto quando não temos consciência de que todos tem os mesmos direitos e deveres, e não somente o grupo ao qual pertencemos, começa a cobrar do marginalizado, atitudes de defesa, o que gera um conflito entre marginalizado e marginalizador, isto nos mais variados ambientes.
Infelizmente no Brasil, acreditamos que trânsito, é um espaço reservado para carros, ônibus e caminhôes. As motos aparecem em uma subcategoria. Pedestres e ciclistas, não pertencem a este conceito, estes atrapalham o trânsito, pois alguns insistem em atravessar a rua, e outros acham que tem o direito de andar na rua. Com esta educação, o ciclista ou é um pobre que não tem como adquirir um carro ( e se for isso, ele também é um cidadão ), ou um filhinho de papai que só quer saber de andar de bicicleta ( neste momento não existem atletas ), ou um maluco que acha que desta maneira vai salvar o mundo. Assim rotulados, nós somos colocados fora do trânsito, ou seja, agora somos marginais. O maior problema, é que somos obrigados a agir como marginais, para garantir nossa segurança. Aqui em Curitiba, passamos a andar na canaleta dos ônibus, o que é proibido, mas é a maneira mais segura, pois a DIRETRAN, que fiscaliza o trânsito aqui, também não acha que bicicleta faça paaarte do trânsito e não se importa se os motoristas respeitam a lei de trânsito que obriga oas veículos que trafegam na mesma via da bicicleta, devem manter uma distância de 1,5 metros da bicicleta. Lei que entrou em vigor junto com o CBT ( Código Brasileiro de Trânsito ). Desde sua implantação, até o dia de hoje, somente uma multa referente a este artigo foi aplicada.
Enquanto estivermos rotulando qualquer cidadão por estar usando um meio de transporte diferente do usualmente aceito, nós estaremos marginalizando atitudes que deveriam ser vistas como normais. Fico triste em saber que esta mentalidade é imperativa em nossa sociedade, e fico mais triste ainda ao ter de afirmar que fico feliz, por hoje ser marginal.

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